Fonte: FAO/OPAS - Segunda-feira, 23 de Janeiro de 2017
![](https://lh3.googleusercontent.com/blogger_img_proxy/AEn0k_u0F6vuUeCmjzBYbyJ4TFYCkjSVkYmRcGbz96WdkwCsEo7szIFf_q7GxqyhPnacUrS-asnktgKZ4Jp6bolzRze3Il7cs12MDnB58M-sD4W9s_yQyAP9dNkKP60_9IkFiwSudUsJ_w=s0-d)
A obesidade e o sobrepeso vêm aumentando em toda a América Latina
e Caribe, com um impacto maior nas mulheres e uma tendência de
crescimento nas crianças, apontaram hoje a Organização das Nações Unidas
para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização Pan-americana de
Saúde (OPAS). De acordo com o novo relatório conjunto –
Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional na América Latina e Caribe (disponível em espanhol), 58% da população latino-americana e caribenha estão com sobrepeso (360 milhões de pessoas).
Salvos Haiti (38,5%), Paraguai (48,5%) e Nicarágua (49,4%),
o
sobrepeso afeta a mais da metade da população de todos os países da
região, sendo Chile (63%), México (64%) e Bahamas (69%) os que registram
as taxas mais altas.
A obesidade afeta a 140 milhões de pessoas, 23% da população regional
e as maiores prevalências são observadas em todos os países do Caribe:
Bahamas (36,2%) Barbados (31,3%), Trinidad e Tobago (31,1%) e Antígua e
Barbuda (30,9%).
O aumento da obesidade impacta de maneira desproporcionada as
mulheres: em mais de 20 países da América Latina e Caribe, a taxa de
obesidade feminina é 10% maior que a dos homens.
Segundo a representante regional da FAO, Eve Crowley, “a América
Latina e o Caribe devem enfrentar todas as formas de fome e de má
nutrição para poder alcançar os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável, vinculando a segurança alimentar, sustentabilidade,
agricultura, nutrição e saúde”.
![](https://lh3.googleusercontent.com/blogger_img_proxy/AEn0k_vuIHzSrDA7IcdQ_V1j7wzd5bgBknGEceFx0BElgm4zIZBeusDwFeUSdI7m_2MHKAqdDVbDGMTCKdvU4qvx62M5q8p_VaiRLi71Dwr6KnJM3y60zaAKTW02gnqn30Ej4tXPWnFXr1T9Cmjj0NGaZmCMyh_r-Q=s0-d)
A diretora da OPAS, Carissa F. Etienne, explicou que “a região
enfrenta uma dupla carga da má nutrição que deve ser combatida com uma
alimentação balanceada que inclua alimentos frescos, saudáveis,
nutritivos e produzidos de forma sustentável, além de abordar os
principais fatores sociais que determinam a má nutrição”, por exemplo a
falta de acesso a alimentos saudáveis, à água e saneamento, serviços de
educação e saúde e programas de proteção social, entre outros.
Unir agricultura, alimentação, nutrição e saúdeO
Panorama aponta que um dos fatores que explica o aumento da obesidade e
o sobrepeso é a mudança nos padrões alimentares. O crescimento
econômico, o aumento da urbanização, a renda média das pessoas e a
aproximação da região aos mercados internacionais reduziram o consumo de
pratos tradicionais e aumentou o consumo de produtos ultraprocessados,
um problema que afeta principalmente as áreas e os países que são
importadores desses alimentos.
Para mudar esse quadro, a FAO e a OPAS sugerem promover sistemas
alimentares saudáveis e sustentáveis que unam agricultura, alimentação,
nutrição e saúde. Os países devem fomentar a produção sustentável de
alimentos frescos, seguros e nutritivos, garantindo a oferta, a
diversidade e o acesso aos mesmos, principalmente da população mais
vulnerável. Isso deve ser complementado com educação nutricional e
advertências para os consumidores sobre a composição nutricional dos
alimentos ricos em açúcar, gordura e sal.
Desnutrição infantil cai, mas ainda afeta os mais pobresDe
acordo com o Panorama, a região conseguiu reduzir consideravelmente a
fome e hoje apenas 5,5% da população está subalimentada, sendo o Caribe a
sub-região com maior prevalência (19,8%), devido ao fato que o Haiti
tem a prevalência de subalimentação mais alta do planeta: 53,4%.
![](https://lh3.googleusercontent.com/blogger_img_proxy/AEn0k_tkPFRfSppMIIn3Yq8GSHmA-SKOloXRDn4b-GRfE2D16I77MZh8s0SjjVhsATd4ce8uhLFujkU67Hx4clsl2jUXTTLzWdtNWVjSih_iJyMwOynsel0i0IMio6PAAQo=s0-d)
A desnutrição crônica infantil (altura baixa para a idade) na América
Latina e Caribe também registrou uma evolução positiva: caiu de 24,5%
em 1990 para 11,3% em 2015, uma redução de 7,8 milhões de crianças.
Apesar desse importante avanço, atualmente, 6,1 milhões de crianças
ainda sofrem de desnutrição crônica: 3,3 milhões na América do Sul, 2,6
milhões na América Central e 200 mil no Caribe; 700 mil crianças sofrem
com desnutrição aguda, sendo 1,3% menores de cinco anos.
Praticamente todos os países conseguiram melhorar a nutrição das
crianças, mas cabe destacar que a desnutrição afeta mais a população
mais pobre e de áreas rurais. “São nesses locais que os governos devem
concentrar os esforços”, salienta Crowley.
As prevalências mais altas de desnutrição crônica infantil na região
são registradas na Guatemala (2014-2015), e Equador (2012-2013), já o
Chile e Santa Lucía têm as menores taxas. A desnutrição crônica
apresenta níveis superiores em áreas rurais de todos os países
analisados.
Aumenta o sobrepeso infantil
O Panorama aponta que na América Latina e Caribe, 7,2% das crianças
menores de cinco anos estão com sobrepeso, o que representa um total de
3,9 milhões de crianças, sendo que 2,5 milhões moram na América do Sul,
1,1 milhão na América Central e 200 mil no Caribe.
As taxas mais elevadas de sobrepeso infantil entre 1990 e 2015 foram
registradas – em números totais – na América Central (onde a taxa
cresceu de 5,1% para 7%). O maior aumento na prevalência foi registrado
no Caribe (cuja taxa aumentou de 4,3% a 6,8%). Já na América Sul – a
sub-região mais afetada pelo sobrepeso infantil – houve uma leve
diminuição de 7,5% para 7,4%.
Políticas para melhorar a nutriçãoDe acordo com
o Panorama, Barbados, Dominica e México aprovaram impostos para as
bebidas açucaradas e Bolívia, Chile, Peru e Equador contam com leis de
alimentação saudável que regulam a publicidade e/os rótulos dos
alimentos.
A diretora da OPAS ressaltou que essas medidas devem ser
complementadas com políticas para aumentar a oferta e acesso a alimentos
frescos e água segura, com o fortalecimento da agricultura familiar, a
implementação de circuitos curtos de produção e comercialização de
alimentos, sistemas de compras públicas e programas de educação
alimentar e nutricional.
Melhorar a sustentabilidade da agriculturaA
trajetória atual de crescimento agrícola regional é insustentável,
devido, entre outros fatores, às graves consequências pelas quais passam
os ecossistemas e recursos naturais da região.
“A sustentabilidade da oferta alimentar e sua diversidade futura
estão sob ameaça, a menos que mudemos a forma como estamos fazendo as
coisas”, disse Crowley, destacando que 127 milhões de toneladas de
alimentos se perdem ou são desperdiçados anualmente na América Latina e
Caribe.
Segundo a FAO e OPAS, é necessário tornar mais eficiente e
sustentável o uso da terra e dos recursos naturais, melhorar as técnicas
de produção, armazenamento e transformação e processamento dos
alimentos, bem como reduzir as perdas e os desperdícios de alimentos
para assegurar o acesso equitativo dos mesmos.